Exu nas Escolas apresenta uma perspectiva prática de desenvolvimento de ações que não só transformam como democratizam a educação. Fazer da sala de aula uma encruzilhada, isto é, um ponto de reflexão e convergência, espelha a possibilidade de uma nova metodologia e reconecta professores e estudantes a uma dinâmica pautada na circularidade, que concebe a teoria do conhecimento como um espiral inacabado, interminável e (im)perfeito. Exu é o caos e a vida, mas é antes de tudo a possibilidade e o grande referencial. Exu é o paradigma e a encruzilhada, a epistemologia.
Um dia, Exu recriou o universo ao engolir e regurgitar tudo que existia no mundo. Pela boca, pela palavra, ressignificou todas as coisas e consagrou-se como o grande orixá da comunicação. Mensageiro, portador das oferendas, senhor da reciprocidade e detentor do poder de realizar. O primeiro a ser cultuado é o primeiro ser: guardião dos portais e das possibilidades. Exu é a encruzilhada, é o caminho, mas é também a reflexão e a escolha. Determinado. Jamais determinista.
Pela obra de Xangô, a palavra se transformou em fogo e reverberou. Isso significa que sem ação política, a palavra é inócua. Sendo assim, Exu nas Escolas chega com um enunciado que Linconly Jesus Alencar Pereira cumpre e reforça: nosso levante está em curso, e não tem volta.
Rodney William Eugênio
Antropólogo, Mestre em Gerontologia, Doutor em Ciências Sociais e
Babalorixá do Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá
